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domingo, 14 de julho de 2019

O jardim


Existe um jardim antigo com o qual às vezes sonho,sobre o qual o sol de maio despeja um brilho tristonho;
Onde as flores mais vistosas perderam a cor, secaram;
E as paredes e as colunas são idéias que passaram.
Crescem heras de entre as fendas, e o matagal desgrenhado sufoca a pérgula, e o tanque foi pelo musgo tomado.
Pelas áleas silenciosas vê-se a erva esparsa brotar,e o odor mofado de coisas mortas se derrama no ar.
Não há nenhuma criatura viva no espaço ao redor,e entre a quietude das cercas não se ouve qualquer rumor.
E, enquanto ando, observo, escuto, uma ânsia às vezes me invade de saber quando é que vi tal jardim numa outra idade.
A visão de dias idos em mim ressurge e demora,quando olho as cenas cinzentas que sinto ter visto outrora.
E, de tristeza, estremeço ao ver que essas flores são minhas esperanças murchas – e o jardim, meu coração.

O jardim - H. P. Lovecraft.

Memória



"Meia noite, nem um som da rua
A lua perdeu sua memória?
Ela está rindo sozinha.
Na luz das lâmpadas
as folhas secas se recolhem aos meus pés
e o vento começa a se aflingir.

Lembrança, totalmente sozinha a luz da lua
Eu posso sorrir nos dias passados.
A vida era tão bonita
então eu me lembro
do tempo em que conheci o que era felicidade.
Deixe a lembrança viver novamente."

Epica - Memory.


Mórbida paixão



Ah lábios que beijei...
mórbido perfume que até hoje sufoca minha mente.
Com meus  lábios em teu pescoço te tentei...
sua frigidez jamais esquecerei.

Ah belo conde...
me encravastes tuas presas.
Me deixaste louca de obscuros desejos...
me tentaste até me agonizar com teu veneno mortal.

Agonizei com a magia da mórbida paixão que me despertaste...
e teu veneno me matou.

Poesia do silêncio


Nestas horas mortas que a noite cria, 
entre um e outro verso do pavoroso poema, 
que sob a pálida luz de uma vela eu lia, 
me chegavam antigas lembranças de um dilema.

Quanto amargo e dissabor o silêncio produz!
Entre as sombras vacilantes da noite, chegam em formas indefinidas
que sobre minha cabeça pairam, aves e outras criaturas aladas
que de infernal recônditos alçam vôo até minha mente, a perturbar minh´alma.

Essas formas indefinidas das sombras criadas pelo medo,
ocupando o vazio do meu ser, preenchendo o que antes era de sentimentos sublimes
e agora, somente o sentimento de dor.
O que antes era alegria, agora é somente dissabor.

Que pena paga um condenado pelos sentimentos! Que martírios mais terei que suportar?
Como um medo tão latente do desconhecido, pode tanto me apavorar?
Será do vazio de minha alma que sinto medo?
Ou do esquecimento do meu ser, por outro já amado?

Não é o fim da vida que treme minha alma, mas o fim do sentir-se bem eterno.
Não mais existir não é tão doloroso quanto o existir sem ser notado,
ou amar sem ser amado,
ou perder o que jamais será recuperado.