Cerca de 250 mil pessoas desaparecem anualmente no Brasil. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Publica, esses números ainda podem ser inferiores a realidade, devido a falta de investigação dos casos.
Quantas Lauras existem no mundo nesse exato momento?
Essa ficção escrita pela gaúcha Rô Merling e lançada pela editora Darkside Books em 2016, foi baseada em sete casos reais de sequestros, os quais estão descritos brevemente no final do livro.
Laura é uma adolescente que foi raptada e trancafiada em um buraco escuro por um homem de aparência totalmente fora de suspeitas, mas na realidade é um ser tão doentio a ponto de deixar o leitor perplexo ao visualizar todas as suas atitudes perversas.
Mesmo diante de uma personalidade puramente má do "Ogro" e entre torturas sexuais e psicológicas cometidas por ela, Laura busca de forma inimaginável alguma maneira de sobreviver ao caos que tomou conta de sua vida.
Grande parte da história é contada pela protagonista, mas também contém fragmentos de relatos da sua família e da polícia.
"Ficava para trás a menina Ursinha, a Laura da mãe e do pai, a namoradinha do Mauro. Ficava para trás minha inocência, meu amor, minha paz, minha caridade e minha fé. Ficava para trás meu ser humano, e morava em mim agora uma escrava. Eternamente escrava."
Apesar da narrativa repugnante, o livro se torna hipnótico pelo fato de mostrar a esperança no livramento das tensões a partir da mudança de personalidade e planos arquitetados por Laura. Porém a autora trás à obra um desfecho chocante, onde mais uma vez podemos notar que assim como a realidade, nem toda leitura será um conto de fadas.
"Diário de uma escrava" apresenta um retrato cru de atos que são corriqueiros ao nosso redor. É o tipo de coisa que realmente causa medo.